segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Nós temos o poder!

O tema do Blog Action Day 2012 é "The Power of We". O Poder de Nós. Um tema interessante de se tratar, muitas vezes ouvimos falar que "a união faz a força", "espírito de equipe", e tantas coisas assim.
E, em tempo de eleições no Brasil, vejo como oportuno unir os dois temas.
É normal, e estamos acostumados demais a ver, no Brasil, as pessoas criticarem "o governo", ou "os políticos", dizerem que não se interessam pelo assunto, que só votam por serem obrigados, e tantas coisas assim.
A má notícia porém é que, se os políticos são ruins, a culpa é totalmente nossa. Sem ter para onde fugirmos. E, mais ainda, o único modo de consertar isto pssa totalmente pelas nossas mãos.
Vamos tomar um primeiro exemplo, a "lei da ficha limpa", que passou a valer de fato para as eleições deste ano - e que nem deveria precisar existir.
Esta lei, que prevê a inelgibilidade de candidatos que tiverem o mandato cassado, renunciarem para evitar a cassação ou forem condenados por decisão de órgão colegiado, mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos, nasceu de um projeto de iniciativa popular com coisa em torno de um milhão e trezentas mil assinaturas. Um "Nós" bastante significativo, portanto.
Não era um tema que agradasse a boa parte dos congressistas eleitos, e sofreu críticas e tentativas de boicote. Mas novamente a pressão popular se fez sentir, e influenciou a votação: todas as emendas que a "amenizavam" foram rejeitadas na Câmara dos Deputados, e foi aprovada por unanimidade no Senado Federal. Durante a votação do projeto na Câmara, o Avaaz registrou 2 milhões de assinatura em sua petição on-line, solicitando ao deputados a aprovação do mesmo.
Estes fatos demonstram que temos força. Basta que queiramos usá-la.
E, como eu disse, a lei da ficha limpa nem deveria precisar existir, se usássemos esta força que temos. Se fiscalizássemos aqueles que escolhemos como representantes, de modo que eles de fato nos representassem. Se muitos de nós não esquecessem em quem votaram para os cargos legislativos, e todos tivéssemos o hábito de fiscalizar os eleitos, exigir o cumprimento de suas promessas, mandar e-mails de vez em quando para mostrar que estamos atentos, esses senhores eleitos pensariam melhor e, possivelmente, levariam as nossas vontades um pouco mais em conta.
Se, ao votar, todos nós déssemos uma olhada em sites como o Transparência Brasil, antes da eleição, poderíamos simplesmente não votar naqueles que não fazem por merecer a nossa confiança, qual o "ficha-suja" que seria eleito?
Podemos moralizar o país? Sim, podemos! É fácil? De modo algum! Exige trabalho, exige dedicação, exige fiscalização e exige boa vontade.
Qual é a alternativa? Simples: Se não tomarmos consciência de nosso poder como cidadãos, se não tomarmos parte e desempenharmos nosso papel, se não fiscalizarmos nossos representantes, não é impossível que, na calada da noite, a "ficha limpa" se torne letra morta, ou até mesmo lei revogada. E, neste caso, nem todos os Joaquim Barbosas do mundo irão dar conta de consertar os rumos do Brasil.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Na balada...



-        Oi, tudo bem?
-        Tudo!
-        Vem sempre aqui?
-        Às vezes. Quando quero relaxar...
-        Eu venho sempre, mas nunca te vi...
-        Tudo bem, não vou ficar chateada por isto...
-        Posso te oferecer uma bebida?
-        Já estou bebendo...
-        Verdade, que bobeira, a minha... Mas ofereço a próxima, pode ser?
-        Talvez...
-        Você é muito bonita!
-        Obrigada!
-        Qual é o seu signo?
-        Peixes.
-        Ah! Sensível, delicada e introspectiva! Parece combinar com você... Eu sou um touro!
-        Apenas no signo, né?
-        Boa piada... No signo, com certeza. Mas sem ser no signo, no dia-a-dia, também. Acredito que a minha profissão ajude muito...
-        Faz o que?
-        Sou personal trainer, professor de dança e modelo em eventos.
-        Com esse físico? Difícil de acreditar...
-        Ah, eu posso te mostrar, se quiser...
-        Obrigada, mas acho que não...
-        E você, faz o que?
-        Sou artista plástica.
-        Dá para viver disso?
-        Mais ou menos. Tenho a minha dificuldade, mas prostituo a minha arte por dinheiro.
-        Se prostitui com arte? O que você faz de artístico?
-        Prostituo a minha arte, e não o meu corpo. Faço trabalhos artísticos por dinheiro. Aceito encomendas. Apenas isto, sem desvios de assunto.
-        Mas não rola? Ao menos um beijo?
-        Pode rolar. Com alguém que me interesse...
-        E eu, interesso.
-        Em termos. Artisticamente, sim. Para o que você está querendo, não rola. Eu não sou zumbi, mas faço bastante questão de que exista outro cérebro, além do meu, em qualquer relacionamento.
-        Como assim, te interesso artisticamente?
-        Eu poderia usá-lo como modelo, talvez...
-        Como modelo? Mas você mesma duvidou de eu trabalhar como modelo.
-        Duvidei e continuo a duvidar. Mas eu usaria como modelo de um idiota machista e de conversa furada. Fui!

(Inspirado em uma frase da Pâmela Martini no Facebook)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Cinco anos

Foi em 21 de setembro de 2007. Há cinco anos.
Eu havia participado de um concurso que o Cardoso promoveu, para "explicar" uma fotografia. Minha história foi uma das vencedoras. E o post mais visitado que já tive na vida.
Uma das visitantes, foste tu. Deixaste um comentário, e como sempre eu fazia, fui atrás de ver quem comentou, para retribuir.
Achei curioso que um comentário em português, da dona de um blog de poesias em português, apontasse para um perfil que dizia que eras canadense. Naquelas épocas, o pessoal mudava a nacionalidade no Orkut, por conta de boatos que diziam que seria pago ou bloqueado para os brasileiros, e pensei que se tratasse disto.
Seja como for, teu comentário, teus posts e a tua nacionalidade me despertaram a curiosidade. E tentei conversar contigo.
Aceitaste a conversa. E a amizade veio fácil. Da amizade, foi natural passarmos a algo muito mais profundo.
E lá se vão cinco anos daquele primeiro comentário. Cinco anos em que muitas coisas aconteceram. Cinco anos em que fiz muitas merdas e que, como na música do Lulu Santos, a vida veio e foi em ondas, como o mar.
Muitas coisas mudaram. Fechei meu blog, abri de novo, fechaste o teu, mudei de casa e de vida...
Mas uma coisa não mudou, o nosso sentimento.
Ou melhor, mudou, sim. Cresceu. Ficou mais forte. Ficou mais intenso.
Estivemos juntos. E, a cada momento que passamos juntos, só aumentou a certeza do nosso amor. Só aumentou a ligação entre nós.
E, se tem algo que eu posso te garantir, Rachel, é que não me arrependo de ter tentado conhecer a dona daquele comentário. E não me arrependo em nada de termos chegado até aqui.Cinco anos. Que venham mais cinquenta, cento e cinquenta, não importa quantos anos venham. Quero compartilhá-los contigo. Quero que estejamos juntos, lado a lado. Tornando reais os castelos que já construimos nos nossos sonhos.
Te amo, Rachel. Hoje, mais do que ontem. E menos que amanhã!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

House M.D. na reta final. Ainda bem!

Este post era para ser um comentátio a este post do Box de Séries. Mas eu acabei escrevendo um pouco mais, e no meio-tempo surgiu este post, então decidi trazer a minha opinião para cá.
Sou (ou fui) fã do House desde o primeiro episódio da série. E, mesmo antes da Fox anunciar, eu estava torcendo para que esta temporada fosse a última. Aliás, passou da hora. O que era uma série sobre um médico genial, porém sacana, acabou por tornar-se uma série sobre um médico sacana, eventualmente genial. A saida da Cuddy e a ascenção do Foreman ao cargo dela, foram forçados demais. Afinal, por mais brilhante que seja o médico, ele seria personagem "queimado" por conta de sua tentativa de mudança de emprego, por conta de métodos de trabalho cada vez mans semelhantes aos controversos métodos do House (que, por mais que o Foreman negasse, sempre o influenciou demais). Faria mais sentido que o Wilson fosse nomeado.
E, por falar no Wilson, pobre personagem! De um contraponto ao sacana House, o médico virou, nesta temoporada, apenas um bobalhão...
Aliás, o Wilson não foi o único despersonalizado. De todos os personagens das temporadas anteriores que apareceram nesta temporada, eu diria que a única que manteve consistência foi a Treze. Se não for cedo para falar. Do Taub e do Chase, sobrou apenas o pior. Verdade que o Taub nunca teve muito a oferecer, mesmo assim, ficou ainda mais tosco e caricato...
E as médicas novas, então? A Adams me parece ser uma caricatura da Cameron, mais uma vez apenas de maneira superficial. A Park... A Park, simplesmente é nada. Poderia ser uma caricatura da Masters. É assustada, insegura, medrosa... Mesmo suas opiniões, muitas vezes brilhantes, ficam soterradas por sua timidez, que só serve para acentuar o aspecto "bully" do House.
Resumindo, foi uma grande série. Mas poderia ter acabado, no máximo, no final da sétima temporada. Depois desta oitava temporada sofrível, é até melhor que acabe...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Um falso "Manifesto", mas qual o seu real sentido?

Perdi a conta de quantas vezes me foi encaminhado o "manifesto" que reproduzo abaixo:

Peço a cada destinatário para encaminhar este e-mail a um mínimo de vinte pessoas de sua lista de endereços e, por sua vez, pedir que cada um deles faça o mesmo.
Em três dias a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem. Esta é uma idéia que realmente deve ser considerada e repassada para o Povo.
Lei de Reforma do Congresso de 2012 (emenda da Constituição do Brasil):

  1. O congressista receberá salário somente durante o mandato. E não terá direito à aposentadoria diferenciada em decorrência do mandato.
  2. O Congresso contribui para o INSS. Todo o fundo (passado, presente e futuro) atual no fundo de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS imediatamente. O Congressista participa dos benefícios dentro do regime do INSS exatamente como todos os outros brasileiros. O fundo de aposentadoria não pode ser usado para qualquer outra finalidade.
  3. O congressista deve pagar para seu plano de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.
  4. O Congresso deixa de votar seu próprio aumento de salário, que será objeto de plebiscito.
  5. O congressista perde seu seguro atual de saúde e participa do mesmo sistema de saúde como o povo brasileiro.
  6. O congressista está sujeito às mesmas leis que o povo brasileiro.
  7. Servir no Congresso é uma honra, não uma carreira. Parlamentares devem servir os seus termos (não mais de 2), depois ir para casa e procurar emprego. Ex-congressista não pode ser um lobista.
  8. Todos os votos serão obrigatoriamente abertos, permitindo que os eleitores fiscalizem o real desempenho dos congressistas.
Se cada pessoa repassar esta mensagem para um mínimo de vinte pessoas, em três dias a maioria das pessoas no Brasil receberá esta mensagem.
A hora para esta emenda na Constituição é AGORA.
É ASSIM QUE VOCÊ PODE CONSERTAR O CONGRESSO. Se você concorda com o exposto, REPASSE, se não, basta apagar.
Você é um dos meus + 20. Por favor, mantenha esta mensagem CIRCULANDO!
"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria." - Paulo Freire
Nas primeiras vezes que o recebi, simplesmente fiz o que o texto sugere ao seu final, e apaguei tamanho amontoado de tolices. Depois de algumas vezes que o apaguei, concluí que não bastava fazer a minha parte. Comecei a devolver às pessoas que o enviavam a mim com a resposta abaixo:
Eu já recebi inúmeras vezes esta mensagem. Me recuso a repassá-la adiante.
Não porque eu não ache que seja preciso mudar as coisas no Brasil. Mas por ser uma mensagem absolutamente inútil.
Primeiro, mesmo que todos os brasileiros a recebam, isto não faz dela um projeto de iniciativa popular. Existem regras para a apresentação de projetos de iniciativa popular. E este e-mail não as cumpre.
Segundo, um projeto de emenda constitucional deveria ser feito com o texto adequado a uma lei, e não apenas um amontoado de sugestões, boa parte sem ligações reais entre elas.
Terceiro, boa parte dos brasileiros possui plano de saúde adicional ao serviço público. E, destes, muitos pagos, total ou parcialmente, pelas empresas. Devemos, sim, lutar por melhores condições de saúde. Mas de maneira realista e coerente.
Quarto, concordo que os congressistas não deveriam ter o poder de aumentar os próprios salários, muito menos o de criarem novas verbas. Mas, plebiscito? Duvido que o autor desta pérola tenha a menor ideia dos custos do plebiscito. Seguramente não valeria a pena.
Limitar mandatos consecutivos, obrigatoriedade do voto aberto, concordo. Mas fazendo a proposta corretamente.
No dia que eu vir projetos de emenda constitucional (sim, mais de um, na verdade) corretamente elaborados para tratar destes assuntos, assinarei e divulgarei. Mas não repasso esta tolice.
A propósito, não se sinta mal. Esta é uma resposta-padrão, que tenho mandado a todos que me enviam esta proposta. Absolutamente nada pessoal com você.
Enio
Para mim, fica bem claro que, da mesma forma que os antigos e-mails sobre a garotinha com câncer, ou o novo e terrível vírus, a distribuição de celulares, a mamografia gratuita e tantas outras. Por mais que existam diversos sites na rede que denunciam estas falsas mensagens, as pessoas parecem não aprender. Mudou um pouquinho de nada a mensagem, e lá estão todos a retransmitindo, novamente. Infelizmente, demonstra-se muitas vezes que basta "mudar a cor do capim", e lá estão as mesmas mensagens sendo repassadas.
Não consigo compreender a razão que impede as pessoas de perderem cinco míseros minutos para tentarem saber a origem do que estão repassando. Ou a veracidade da informação. Por favor, você que me lê, antes de sair repassando algum e-mail, faça uma rápida consulta a sites como o Quatro Cantos, ou o E-Farsas, entre outros. Isto para não pedir que se faça uma pesquisa mais completa, como ligar para telefones indicados, ou entrar na página do órgão informado, por exemplo.
Reconhecer um e-mail de boato, na maioria das vezes, é fácil. Algumas "regras" geralmente estão presentes:
  • Trechos do texto em letras maiúsculas, para chamar a atenção;
  • Assunto polêmico ou capaz de causar indignação para a maioria das pessoas;
  • Informações vagas e imprecisas;
  • Falta de identificação do autor;
  • Pedido para que todos repassem o máximo possível.

Infelizmente, é muito mais fácil para o leitor apenas repassar um e-mail do que tentar tomar alguma atitude mais participativa. O simples ato de repassar um e-mail não colabora em nada com o fim de situações como esta.
Lutas reais não faltam. É raro o dia que não recebo um e-mail do Avaaz, defendendo alguma causa real. Tem muitas outras ONGs e movimentos reais dos quais se pode participar, como SOS Mata Atlântica, Movimento Gota D'Água, Movimento pela Reabertura e Tombamento do Cine Belas Artes, e tantos outros. Independente de orientação política e/ou partidária, é possível encontrar movimentos e causas para se engajar. Reais. Válidos. Sem precisar divulgar boatos.

terça-feira, 20 de março de 2012

Sobre a Folha de São Paulo e a automedicação

Enviei hoje o seguinte comentário ao blog "Conversa Afiada", do Paulo Henrique Amorim, que tenho acompanhado regularmente:


Hoje a Folha, através de um de seus colunistas, Hélio Schwartsman, publica um texto denominado “Viva a automedicação“, uma ode em defesa dos interesses da indústria farmacêutica ao mesmo tempo em que, de maneira quase sutil, critica algumas corajosas medidas tomadas pela ANVISA nos últimos anos. Cito abaixo algumas de suas pérolas:
“… Foi o que ocorreu com a automedicação, que, de uns anos para cá, se viu transformada em inimiga da saúde pública, inspirando uma série de decisões da Anvisa … Só o que não faz sentido é demonizar a automedicação… A OMS, por exemplo, a descreve como “necessária” e com função complementar a todo sistema de saúde.
De fato, a última coisa de que o SUS precisa é agregar às filas dos serviços médicos todos os portadores de quadros virais menores e dores de cabeça do país. A esmagadora maioria das moléstias que acometem a humanidade passa sozinha, não exigindo mais do que o alívio dos sintomas…”
Em paralelo, na seção “Mercado Aberto”, Maria Cristina Frias diz que “Sem tratamento, gasto com remédio pode subir 481%“.
Sou favorável às ações tomadas pela ANVISA no sentido de moralizar a venda de medicamentos no país, apoiada, também, pelo Conselho Federal de Farmácia, e consonante com o que se faz em muitos outros países. Claro, não resolvem os problemas da saúde pública. Mas são um primeiro passo no sentido da moralização do setor. Lamentável esta posição da Folha.

Não me preocupei em falar dos riscos da automedicação e do livre acesso aos medicamentos. Por limitação de espaço (e, mesmo assim, não sei se o comentário, por ser mais longo que o normalmente aceito, será publicado), e por considerar que não seria, aquele, o fórum adequado para tratar do assunto. Aqui, neste meu espaço, posso discorrer mais livremente a respeito.


Não citei, no comentário, trechos do artigo de Maria Cristina Frias. Cito-os aqui:

"Os gastos com remédios para tratar doenças crônicas acumuladas podem subir 481% se o paciente não fizer tratamento adequado.
O efeito, que pode impactar os resultados de planos e operadoras de saúde ...
A comparação é feita entre um doente crônico que possui apenas uma enfermidade e aquele que acumula outras pela falta de tratamento ...
'Esse é um assunto que o setor tem estudado muito, mas há pouca conclusão. A pressão sobre os planos de saúde de fato se reduz com o tratamento adequado. Isso gera queda em gastos com internação e entradas em pronto-socorro'..."


A conjunção dos dois artigos, para mim, demonstra uma lógica perigosa: devemos deixar as pessoas se automedicarem, o que vai diminuir as filas e custos com o SUS, ao mesmo tempo que diminui os custos dos planos de saúde. Apenas a "lógica de mercado", sem levar em conta, minimamente, a real questão de saúde pública. Sem levar em conta que o uso de medicamentos sem a adequada orientação pode causar problemas ainda piores do que os que se procura evitar. Sem sequer citar a necessidade de um amplo debate sobre o assunto, do qual pudesse sair clara e fortalecida a posição da ANVISA. Ou que, mesmo prevalecendo apenas a lógica do lucro para a indústria farmacêutica e para os planos de saúde, para nos restringirmos aos agentes diretamente citados nos artigos (Alguém acredita em repasse desses lucros à sociedade?), que ficasse claro que o desejo por esta lógica é realmente o desejo da sociedade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Menos, Michel Teló, menos!!!!

Começo este post com uma ressalva: Eu não tenho NADA contra a música da qual falarei. Pelo contrário, acho-a gostosinha de ouvir. Não é um primor de composição, mas diverte.
Feita a ressalva, quero citar um texto que li hoje. Vai abaixo em uma tradução assumidamente meia-boca, de minha autoria. O texto original pode ser lido aqui. Vamos ao texto:

Uau, eu nem sabia que existia uma versão oficial em Inglês para a canção! Aparentemente, foi lançada no início de 2012, e esta semana o cantor brasileiro Michel Teló estreou o vídeo da música "If I catch you" (a versão em inglês de seu sucesso global "Ai Se Eu Te Pego"). A música original em português (com a qual eu ainda estou obcecado) continua detonando na Europa, América Latina e nos Top 10s do iTunes (clique aqui para ver a prova). Mas, menino, esta versão "If I catch you" é uma bagunça. A letra é uma piada de mau gosto, ("wow, wow, oh meu deus, deliciosa!" XDD ... Você simplesmente não pode ter letras como esta em canções em inglês), que soa quase como Michel dizendo 'pikachu', e sua sotaque é terrível. Uma enorme, enorme bagunça. Qual é o sentido disto, de qualquer maneira? Será que ele realmente acha que ele vai estourar em mercados como o Reino Unido, Austrália ou os EUA com esta tortura "If I catch you"?

Michel
já é uma grande estrela internacional, e não deveria mexer com a perfeição do original "Ai Se Eu Te Pego", e cantando em português é, obviamente, seu único modo real. Como vídeo musical, eu gostei. Muito melhor do que o vídeo barato original. Quero dizer, ainda é barato, mas pelo menos captura melhor o sentimento de verão da canção. O vídeo de "If I catch you" foi dirigido por Junior Jacques, filmado em uma praia paradisíaca em Porto Belo - Santa Catarina, Brasil, e apresenta centenas de garotas sensuais em biquínis dançando a melodia contagiante da música em seus iates, enquanto Michel Telo se apresenta para elas em um palco no centro.
 Eu não tenho a menor ideia do nível de conhecimento de português do autor do texto. Arrisco dizer que pouco, ou nenhum, pois com um mínimo de conhecimento, ele perceberia que a "versão em inglês" algo como usar o Google tradutor sobre a letra. E, mesmo o Google, não dá uma tradução exatamente assim.
Eu concordo com o autor do texto. Michel Teló não precisava ter feito isto.
Tudo bem, não é a primeira e nem a última música brasileira vertida para o inglês. Muita gente já fez isto. "Girl from Ipanema", a versão, é simplesmente a música brasileira mais executada da história (e uma das músicas mais executadas do mundo, também). Até hoje. 
Se fosse tão imperativo assim ter uma versão em inglês de sua música - e eu questiono esta necessidade - Michel Teló poderia ter partido para uma solução mais adequada: uma adaptação da letra para o inglês, e não apenas uma tradução. Ou tentativa de tradução. Novamente citando, para comparação: a letra em inglês de "Garota de Ipanema" é completamente diferente da letra em português. Mas, mesmo assim, guarda o sentido original da música.
Michel Teló poderia ter feito o mesmo. Aliás, exatamente como tantos outros artistas fizeram, ao redor do mundo, criando versões para a própria "Ai se te pego". E poderia ter investido um pouco mais no cuidado com o sotaque, para que não visse publicados sobre ele comentários como o acima.
Mas, será que ele se importa? Ou já se conformou em ser um sucesso descartável, tentando conseguir o máximo enquanto pode?
Preferia que se importasse. E tentasse fazer uma carreira mais sólida...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Assista. E ajude.

Não sei se ainda está valendo. Mas não custa tentar.
Segundo a descrição do vídeo no Youtube, a National Geographic vai doar 10cents para cada visualização, até um limite de 100mil dólares, para projetos de preservação dos leões. Então não custa nada assistirmos, de preferência mais de uma vez...

 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Fazendo contas

Estava ontem no supermercado, aguardando o momento de pagar as minhas compras quando percebi uma cena, logo atrás de mim, que me chamou a atenção:
Em um casal de amigos, a moça esforçava-se para somar de cabeça três ou quatro itens que havia pego, para saber se tinha dinheiro suficiente para pagá-los. Depois de algum tempo, desistiu, e comentou ao rapaz que estava com ela que "sempre teve dificuldades com matemática". O rapaz disse que também tinha muita dificuldade, e ela perguntou como, se ele trabalhava com números o dia todo. A resposta dele foi que trabalha, sim, com números, mas "informando os valores que constam no sistema, não preciso fazer contas".
Paguei minhas compras e saí, sem saber como continuou este diálogo, mas ele me fez pensar. Antes de mais nada, me lembrou de um trecho da peça "A Lição", de Eugene Ionesco:
PROFESSOR : Ouça-me, senhorita, se você não chegar a compreender profundamente esses princípios, esses arquétipos aritméticos, você jamais poderá fazer corretamente um trabalho politécnico. E muito menos poderão encarrega-la de um curso na Escola Politécnica... nem no maternal superior. Eu reconheço que não é fácil, é muito, muito abstrato... evidentemente... mas como a senhorita poderá chegar, antes de ter aprofundado os primeiros elementos, a calcular mentalmente quanto dá, e isso é o mínimo para um engenheiro médio, quanto dá, por exemplo, três bilhões, setecentos e cinqüenta e cinco milhões, novecentos e noventa e oito mil, duzentos e cinqüenta e um multiplicados por cinco bilhões, cento e sessenta e dois milhões, trezentos e três mil, quinhentos e oito?
ALUNA (Muito depressa) Dá dezenove quintilhões, trezentos e noventa quatrilhões, dois trilhões, cento e quarenta e quatro bilhões, duzentos e dezenove milhões cento e sessenta e quatro mil,quinhentos e oito.
PROFESSOR (espantado) : Não. Creio que não. Dá dezenove quintilhões, trezentos e noventa quatrilhões, dois trilhões, cento e quarenta e quatro bilhões, duzentos e dezenove milhões cento e sessenta e quatro mil, quinhentos e oito.
ALUNA: Não, quinhentos e oito!
PROFESSOR (ainda mais espantado, calcula mentalmente) Sim, você tem razão. O produto é ... (murmurando) quintilhões, quatrilhões, trilhões, bilhões, milhões (distintamente) cento e sessenta e quatro mil quinhentos e oito. (estupefato) Mas como você acertou, se não sabe os princípios do raciocínio aritmético?
ALUNA : É simples. Não podendo confiar em meu raciocínio, eu decorei todos os resultados possíveis de todas as multiplicações possíveis!
A peça mostra uma situação absurda. Bem ao estilo de Ionesco. Mas absurda até que ponto? Não gostar de matemática é a regra das pessoas no Brasil, talvez no mundo todo.
Não deveria ser assim. Afinal, é algo que, queiramos ou não, está presente no nosso dia-a-dia, na natureza e em tudo que nos cerca. Pitágoras já demonstrou isto 500 anos antes de Cristo. O que leva as pessoas, 2500 anos depois, a continuarem com tanta aversão ao assunto?
Eu tenho a minha resposta. Pode não ser a certa, mas eu acho que explica, ao menos em parte. No próprio trecho da peça que eu citei acima, a minha resposta está presente, ainda que de maneira absurda: a aluna, sabando de suas dificuldades, decorou "todos os resultados possíveis de todas as multiplicações possíveis".
E, no fundo, é assim que aprendemos não só matemática, mas a maioria dos assuntos vistos na escola: decorando. Quem nunca passou horas de desespero tentando decorar as tabuadas para fazer alguma prova? Tudo bem, não vou dizer que ter decorado as tabuadas não tenha facilitado a vida. Mas, ao mesmo tempo, transforma as multiplicações e divisões em alguma coisa abstrata e misteriosa, e não simplesmente uma sequência de adições e subtrações.
Matemática exige raciocínio. E não apenas matemática. História e geografia, se ensinadas de modo coordenado, raciocinado, são mais fáceis de se compreender do que decorando-se fatos, datas e acidentes geográficos. Mesmo a língua, nativa ou estrangeira, seria mais fácil de ser ensinada se a razão de ser das regras gramaticais fosse aprendida, e não apenas as regras decoradas.
Só que raciocinar é uma atividade perigosa. As pessoas podem começar com a matemática, e gostar da coisa. E raciocinar sobre o mundo que as cerca. E sobre os absurdos que somos obrigados a ouvir e aceitar como "naturais" todos os dias. Pior, pode-se começar a pensar sobre coisas que estejam erradas na própria vida. E, pensando-se nelas, elas começam a incomodar cada vez mais, forçando alguma mudança de atitude. E esta mudança também não é nada fácil. Claro, depois das mudanças de atitude, é normal que se perceba como a vida melhorou, e como aquela atitude deveria ter sido tomada muito antes.
Eu mesmo, tenho passado por todo este processo, em fase de mudanças, tanto na vida pessoal como na profissional. Se eu disser que tudo é fácil e maravilhoso, claro que vou estar mentindo. Mas os aspectos positivos são cada vez mais facilmente perceptíveis.
Eu gosto de matemática. E gosto de pensar. E aprendi a pensar sobre mim mesmo. Agora, não quero parar.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Natal

Natal, tempo de alegrias?
Natal, tempo de festejar?
Natal, tempo de paz e amor?
Ou Natal, tempo de incertezas?
Não sei.
Para mim, o natal nunca foi exatamente uma comemoração à qual eu desse a maior das importâncias. Certamente, porque aprendi com meu pai que o natal, atualmente, é puro comércio. Perdeu todo o seu significado.
Meu pai achava que não é preciso ser natal ou aniversário para se dar presente, presente a gente dá quando pode e tem vontade, independente da data.
Eu gostava, admito, quando a família se reunia na casa da minha avó, tipica reunião de italianos, com muita comida e conversas altas. E com meus primos de São Paulo, com quem eu gostava muito de encontrar.
Mas era só isto. Muitas vezes, nem isto. E não morri por causa disto.
Casei, vieram os filhos. E, mesmo sem dar tanta importância assim à festa, nos últimos 25 anos, procurei ao menos fingir que a dava. Por eles. E pela mãe deles.
Hoje, porém, as circunstâncias são outras. Os filhos cresceram. Eu não moro mais lá com eles. Existe razão para fingir?
Creio que não. Creio que é o momento de ter o MEU momento. Sem hipocrisia. Sem tentar agradar a ninguém. Mas em paz comigo mesmo.
Talvez o natal não seja mais tão importante para os meus filhos, também, como sempre foi. Afinal, eles cresceram. Certamente não acreditam mais em Papai Noel, e já há muitos anos sabem que era eu que me fantasiava. Talvez já nos últimos anos, a mãe deles tenha exagerado na importância, apenas, numa tentativa de manter o "Status Quo". Talvez seja hora de vôo solo, para todos nós.
Não sei se é isto, ou se não é. E não sei se quero saber.
Natal, tempo de alegrias? Tomara que seja! Se não for, tudo bem. Eu estou preparado.
Natal, tempo de festejar? Festejar, festeja-se. Para festas não são obrigatórios os motivos.
Natal, tempo de paz e amor? Bem, ao menos da minha parte, não vou me fechar para nada e para ninguém. Mas também não vou implorar migalhas.
Ou Natal, tempo de incertezas? Com certeza.
Mas a vida continua. E, se o natal é incerto, no Ano Novo, vida nova. Ainda que a "vida nova" já tenha começado há alguns meses.
De resto, a todos os meus leitores, eu desejo que não se deixem contaminar pelas minhas incertezas e melancolia, que tenham um maravilhoso natal e um excelente ano de 2011.